O ano era 2009, e a Europa atravessava uma crise econômica intensa. Estávamos desfrutando das históricas paisagen de Verona, ruas românticas, Arena e castelos, quando por volta das nove da manhã, decidimos embarcar numa breve viagem rumo ao desconhecido. O destino? Castell’Arquato, localizado na região da Emilia-Romagna, no norte da Itália, na província de Piacenza. A cerca de 20 km ao sul da cidade de Piacenza, nas primeiras colinas da Val d’Arda, o passado e o presente se encontram em harmonia.
A estrada se desenrolava diante de nós como uma fita através das paisagens pitorescas, e a expectativa crescia a cada quilômetro. Ao chegarmos, fomos saudados não apenas pela imponente silhueta do castelo, mas também pela promessa de um vinho que diziam ser tão nobre quanto o próprio lugar: o Gutturnio dei Colli Piacentini.
Na Casa Benna, a simplicidade e a autenticidade do local nos envolveram. Lá, o Gutturnio não é apenas um vinho, é uma celebração da terra e do trabalho árduo dos viticultores. Por menos de quatro euros, uma garrafa daquele vinho rubi nos aguardava, um pequeno luxo acessível mesmo em tempos de crise.
Com o vinho em mãos, seguimos para o Salumificio La Rocca. O nome, tão apropriado quanto o sabor do salame local, ou melhor dizendo, da copa de suíno, o “rocchello”, é uma homenagem ao castelo que dominava a paisagem. Este lombo seco, com sua textura e sabor únicos, prometia ser o par perfeito para o nosso Gutturnio.
Depois de apreciarmos as paisagens locais, resolvemos voltar para casa, chegando ao entardecer. Com o calor do verão, colocamos o Gutturnio levemente frisante, mas robusto, num balde de gelo, cuidando para que não ficasse excessivamente gelado. Servimos a 14°C. A combinação com o rocchello foi uma sinfonia de sabores, uma verdadeira celebração da vida. Naquele momento, com um brinde, concordamos que a vida, de fato, é boa, principalmente nos momentos simples.
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